O tempo acumula, nas horas vividas,
as graves feridas que o mundo oferece,
porém armazena também a ventura,
a doce ternura que à alma enternece.
Da infância inocente perduram os sonhos
dos anos risonhos, repletos de alvores...
as cismas voláteis, risíveis projetos
- pilares secretos de ingênuos amores -.
E na juventude a robusta pujança
da luz da esperança a apontar sempre à frente...
A alma radiosa é um farto celeiro
e o mundo um canteiro esperando a semente.
E chega a velhice trazendo o sossego,
o terno aconchego da brisa outonal...
Os sábios conselhos da longa vivência
e a lenta cadência do tempo final.
Depois vem o sono da breve passagem,
a nova paisagem da vida a se abrir...
A morte do corpo a alma liberta
e Deus nos oferta um novo porvir!