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Escritor a serviço da Espiritualidade.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

SONETO DA DEMORA

Tardastes tanto para regressar,
que nada tenho para dar-te a gosto;
salvo esta angústia presa ao meu olhar,
salvo estas rugas graves no meu rosto.

Tardastes tanto, para o meu desgosto,
que acostumei-me à dor de te esperar,
feito um veleiro à hora do sol-posto,
que se habitua à solidão do mar.

Ó tempo ingrato! Ó triste esquecimento!
Que tendo em posse o teu discernimento,
tornou-te surda à queixa do meu ser...

Agora, aceita este final de festa;
esta ruína humana que me resta
é tudo o que te posso oferecer!