Eu sou um barco à deriva,
singrando num mar bravio;
sou aquele que se esquiva
da mansuetude do estio.
Vou na contramão de tudo,
negando meu próprio ser;
jamais me engano ou me iludo
com gestos de bem-querer.
Eu tenho profundo gosto
por intermináveis fugas,
e trago expostas no rosto
as marcas de antigas rugas.
Mas, agora, minha amada...
Agora que te encontrei;
desta vida desregrada,
se ainda gosto, não sei.
Senti o toque gostoso
da tua terna acolhida
e esse abraço carinhoso
que me deixa sem saída.
Descobri o que é saudade
e o que é ter alma doente...
Agora sou só metade
quando te encontras ausente.
Agora tu és meu porto
e eu sou um barco parado;
às ilhargas do teu corpo
eternamente atracado!
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